Ele nos quer simples, sinceros, amorosos e dóceis, como as boas crianças, mas também quer que sejamos aplicados ao nosso dever com toda a nossa inteligência e com a nossa melhor disposição de combate. Não é pelo facto de se estar dando dinheiro a uma obra de caridade que se deva deixar de averiguar se essa obra de caridade não é fraudulenta. Não é pelo facto de se concentrar o pensamento em Deus mesmo (por exemplo, na oração), que se deva estar satisfeito com as ideias infantis que se tinha aos cinco anos de idade. Deus na verdade não ama menos a que não possui inteligência brilhante, nem o usa menos. Ele tem lugar para quem tem pouco discernimento, mas quer que cada um use a inteligência que possui. Não devemos dizer “seja bom e amável; quem puder, seja inteligente”, mas “seja bom e amável; mas não se esqueça de que, para isso, você tem de ser o mais inteligente que puder.” Deus não aprecia indolência intelectual, assim como não aprecia qualquer outra indolência. Se você está querendo tornar-se um cristão verdadeiro, advirto-lhe que está embarcando em algo que vai exigir todo o seu ser, o seu cérebro e tudo o mais. Mas felizmente, a coisa funciona de outro modo. Quem com toda a sinceridade procurar se tornar um verdadeiro cristão, em breve verá a sua inteligência aguçada: uma das razões porque não é preciso ter um grau de instrução especual para ser cristão é que o Cristianismo em si mesmo é um processo de aprendizado. Por essa razão é que um fiel inculto como John Bunyan foi capaz de escrever um livro (O Peregrino) que surpreendeu o mundo todo.
"Examinai tudo. Retende o bem", I Tessalonicenses 5:21
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