A autoridade das Escrituras não é tanto uma verdade a ser defendida, como a ser afirmada. Dirijo esta observação particularmente aos evangélicos conservadores. Lembro-me do que o grande Charles Haddon Spurgeon disse uma vez em relação com isto: “Não há necessidade de defender um leão que está a ser atacado. Tudo o que tens que fazer é abrir o portão e deixá-lo sair”. Temos de recordar frequentemente a nós mesmos que é a pregação e a exposição da Bíblia que realmente estabelecem a sua verdade e autoridade. Creio que isto é mais verdadeiro hoje do que nunca – certamente mais verdadeiro do que tem sido nos últimos dois séculos.
"Examinai tudo. Retende o bem", I Tessalonicenses 5:21
Comentários
Tenho vindo ler esta citação várias vezes, em vários dias, a ver se a absorvo.
A imagem do leão é linda. É isso mesmo. É isso que também penso sobre a pregação, que é tentar ao máximo trazer aos crentes o conteúdo da Bíblia, principalmente quando acreditamos que a nossa vida é guiada pelo Espírito Santo. De certa forma, "não temos nada que intervir".
Mas por outro lado, o que é que estamos a excluir ao certo? O que é "defender o leão"?
Não me imagino a excluir, por exemplo, a apolegética (que é a defesa da fé por definição) da teologia e da evangelização. Não é precisa? E mesmo que não seja precisa, como pode um crente entusiasmado e comprometido não a fazer?
Esse livro também mora cá em casa. Ainda hei-de dar-lhe uma espreitadela. Já o li há muitos anos, mas na altura, ficou-me muito pouco.
Não me parece que seja tanto uma questão de excluir alguma coisa nossa, porque, usando a metáfora do Apóstolo Paulo, continuamos a ser “soldados de Cristo”. E os bons soldados não descuram nada na sua preparação e no seu equipamento. A apologética, por exemplo, como bem referes, é uma arma importante nestes dias confusos. O ponto é que a apologética nunca poderá tomar o lugar do “leão”. Será uma arma para lutar ao seu lado, mas não o pode substituir. Quando vemos a autoridade das Escrituras ser atacada, e isso acontece tanto, tanto no nosso tempo, já não com fogueiras ou pedras, mas, sobretudo, com palmadinhas nas costas, o que temos que fazer é libertar o “leão”, pregar a Palavra como Palavra de Deus.
Um aspecto interessante no texto é que Martyn Lloyd Jones (séc. XX), cita Spurgeon (séc. XIX), com perfeita actualidade para nós (séc. XXI). Cada vez mais me convenço que esta é uma luta intemporal. Mudam-se as ameaças e a estratégia do inimigo, mas o objectivo dele mantém-se.