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Sepultados sob a ignorância de nós mesmos

Naquele momento, no alto do Monte Morco, tudo era nítido e luminoso; no entanto, a escuridão daquela noite mantinha-se estagnada no fundo da alma de Don Fabrizio. O seu mal-estar assumia formas penosas e vagas; não era provocado pelas grandes questões que o Plebiscito começara a resolver: os grandes interesses do Reino (das Duas Sicílias), os interesses da sua classe, os seus privilégios saíam de todos aqueles acontecimentos um tanto ou quanto amachucados mas preservados no essencial; dadas as circunstâncias não seria legítimo pedir mais; o seu mal-estar não era de natureza política e devia ter raízes mais profundas, enterradas num daqueles pretextos a que chamamos irracionais porque estão sepultados sob montões de ignorância de nós mesmos.  O Leopardo [Il Gattopardo]  Página 88  G. Tomasi de Lampedusa  1958 dC  Editora: Visão

Uma defesa da solidão

Vivemos numa sociedade em que a solidão se tornou numa das feridas mais dolorosas. A competição e a rivalidade que impregnam as nossas vidas, desde o nascimento, criaram em nós uma percepção muito acentuada do nosso isolamento. Esta percepção deixou, por sua vez, muitas pessoas com uma ansiedade exacerbada e um desejo imenso de experimentar a unidade e a comunhão. Levou também as pessoas a inquirir de novo como é que o amor, a amizade e a irmandade as pode libertar do isolamento e proporcionar-lhes um sentido de intimidade e de pertença. Tudo à nossa volta nos fala de como os habitantes do mundo ocidental tentam escapar a essa solidão. A psicoterapia, os diversos institutos que proporcionam experiências de grupo com técnicas de comunicação verbais e não-verbais, cursos de Verão e conferências patrocinadas por intelectuais, educadores e «curiosos» onde as pessoas podem partilhar problemas comuns, inúmeras experiências que procuram criar liturgias íntimas, onde a paz não é apenas anuncia