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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2021

Preciso de ver o mundo através de metáforas

Personally, I need to see the world through metaphors, symbols and images. It is through images that I can engage meaningfully with the world. The personalising of this invisible notion of the spirit is necessary for me to fully understand it. The Red Hand Files Nick Cave

Tinham perdido a crença em Deus sem saber porquê

Nasci num tempo em que a maioria dos jovens tinham perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a tinham tido — sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade. Considerei que Deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a Humanidade, sendo uma mera ideia biológica, e não significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da Humanidade, com os seus ritos de Liberdade e Igualdade, pareceu-me sempre uma revivescência dos cultos antigos, em que animais eram como deuses,

Confiar a educação a um estranho

Northern kings generally entrusted their sons’ upbringing to a stranger, for they thought that so they would be treated with less indulgence than at home. Accordingly Helgi was fostered by Hagal, and under his care the young prince became so fearless that at the age of fifteen he ventured alone into the hall of Hunding, with whose race his family was at feud.  Norse Myths  Página 173 Jake Jackson  2014 dC  Editora: Flame Tree Publishing

A verdadeira catástrofe de Babel

Daí que haja uma perda verdadeiramente irreparável, uma diminuição dos possíveis humanos, quando uma língua morre. Com a sua morte, não é só uma memória de gerações única e vital - os tempos do passado ou os seus equivalentes -, não é só uma paisagem, realista ou mítica, ou um calendário que se apaga, mas também as suas configurações de um futuro concebível. Uma janela fecha-se sobre o nada. A extinção das línguas que hoje testemunhamos - todos os anos dúzias delas calam-se sem remédio - é precisamente homóloga da devastação da fauna e da flora, mas em termos ainda mais definitivos. As árvores podem ser plantadas de novo, o ADN das espécies animais pode, pelo menos em parte, ser conservado e talvez reativado. Uma língua morta continua morta ou sobrevive como relíquia pedagógica no jardim zoológico das universidades. O resultado é um empobrecimento drástico na ecologia do psiquismo humano. A verdadeira catástrofe de Babel não é a divisão das línguas: é a redução do discurso humano a mei

A multiplicidade de milhares de línguas mutuamente ininteligíveis não é uma maldição - 2

O espaço, que é uma construção social não menos do que neurofisiológica, é linguísticamente cartografado e inflectido. As línguas habitam-no diferentemente. Através da sua «cartografia» e da nomeação das coisas, as comunidades linguísticas em causa sublinham ou elidem contornos e traços variáveis. O espectro das distinções precisas entre diferentes tonalidades e texturas da neve nas línguas de esquimós, o rol das cores que diferenciam as pelagens dos cavalos no falar dos gaúchos argentinos, são dois exemplos paradigmáticos. Os dialetos da Grã-Bretanha produzem mais do que cem palavras e expressões que designam os esquerdinos. A equação entre a mão esquerda (sinistra) e o mal atravessa as culturas mediterrânicas. A antropologia estrutural ensinou-nos que os conceitos e as identificações que se referem às relações de parentesco são inelutavelmente linguísticos. Até noções tão fundamentais como parentesco ou incesto dependem das taxinomias, de uma codificação lexical e sintática inseparáv