O movimento cristão, enquanto movimento europeu, é criado, desde o início, pela acumulação dos elementos de refugo, pelos dejectos de todas as espécies (-são eles quem procura a potência no cristianismo). O cristianismo não exprime a degenerscência de uma raça; antes é um conglomerado e uma agregação de formas de decadência vindas de toda a parte, acumulando-se e procurando-se reciprocamente. Não foi, como se julga, a corrupção da antiguidade, da antiguidade nobre, que tornou possível o cristianismo: nunca se combaterá com demasiada violência o idiotismo sábio que, ainda hoje, mantém semelhante ideia. No tempo em que as camadas de Chandala, doentes e perversas, se cristianizaram, em todo o Império Romano, o tipo contrário, a distinção, existia precisamente na sua forma mais bela e amadurecida. O grande número tornou-se senhor; o democratismo dos instintos cristãos venceu… o cristianismo não era «nacional», não estava sujeita às condições de uma raça; entre os deserdados da vida, dirigia-se a todas as variedades, tinha por toda a parte os seus aliados. O cristianismo incorporou o rancor instintivo dos doentes contra os saudáveis, contra a saúde. Tudo o que é recto, orgulhoso, soberbo, e antes de mais, a beleza, lhe faz mal aos ouvidos e aos olhos. Recordo mais uma vez a inestimável palavra de São Paulo: «Deus escolheu o que é fraco aos olhos do mundo, o que é insensato aos olhos do mundo, o que é ignóbil e desprezado»: está nisto o que foi a fórmula, in hoc signo a decadência venceu. – Deus na Cruz – mas ainda se não compreende a terrível segunda intenção que se esconde por detrás deste símbolo? Tudo o que sofre, tudo o que está pregado na Cruz, é divino… nós todos, nós estamos pregados na Cruz, portanto somos divinos… Só nós somos divinos… O cristianismo foi uma vitória; por ele pereceu uma opinião distinta – o cristianismo foi, até aos nossos dias, a desgraça maior da humanidade.
Deus é perfeitamente unificado como um Deus, e no entanto, Deus é perfeitamente diversificado nas três pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há unidade e diversidade na realidade absoluta. Não há um Deus que escolhe revelar-se em três maneiras de modo a criar uma aparência de diversidade, e não há três pessoas que escolhem unir-se e cooperar de modo a criar uma aparência de serem unificadas. A realidade original é 100% unificada e 100% diversificada. É uma realidade de 200% que não pode ser compreendida pela simples lógica. Aqui está um provérbio que inventei para capturar a essência desta realidade: Deus sozinho é Deus, e Deus não é sozinho (God alone is God, and God is not alone) . Não podes fazer esta afirmação sobre outro Deus ou perfeição original. Tu podes dizer Buda sozinho é Buda, e ficamos por aí. O resto é silêncio. Tu podes dizer Krishna sozinho é Krishna e Alá sozinho é Alá, mas novamente, o resto é silêncio. Se o Deus do terceiro círculo quer falar com alguém...
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