Gilbert, rebelde aos ensinamentos do pai e da mãe, deixara-se enfeitiçar pelos discursos dos anabaptistas, que eram perseguidos nas municipalidades do Jura e da região de Neuchâtel. Moravam em quintas espalhadas pelas montanhas, criavam cavalos e carneiros e eram bons camponeses. Eram contra o baptismo de crianças, contra o exército, contra o clero, contra o juramento. Sim é sim, não é não, o resto é coisa do diabo.
Encontravam-se nas suas capelas para leitura da Bíblia. Ou para a Ceia Sagrada. Ou para o baptismo dos adultos. Alguns traziam barba e vestidos fechados por colchetes em vez de botões. Grandes pregadores, acreditavam apenas na figura do Redentor. No passado muitos deles tinham sido presos, afogados em rios ou lagos – quiseste a água para ser rebaptizado, aqui tens a água eterna – degolados, obrigados a remar nas galeras vénetas, genovesas, sicilianas. Desentocados pelos caçadores de anabaptistas: cem escudos por um pastor, trinta por um simples membro. Por isso muitos fugiam para a Holanda ou para as Américas.
Também Marcel era contra os sectários, como lhes chamava, por não lutarem pela República, não trazerem armas e até recusarem a montar guarda.
- Trabalham também ao domingo, os sectários, não querem casar perante o pastor. E trouxeram também a doença do gado ao vale de Ruz, sei-o ao certo!
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