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Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

The Weight of Glory - 6

(..) As promessas das Ecrituras podem ser reduzidas, por alto, a cinco ênfases. É prometido, em primeiro lugar, que estaremos com Cristo; em segundo, que seremos como Ele; em terceiro, com uma enorme riqueza de imagens, que teremos "glória"; em quarto, que seremos, em certo sentido, alimentados ou banqueteados ou entretidos; e finalmente, que teremos algum tipo de cargo oficial – governar cidades, julgar anjos, ser pilares do templo de Deus. A primeira pergunta que faço acerca destas promessas é: "porquê qualquer uma delas excepto a primeira?" Pode alguma coisa ser acrescentada à concepção de estar com Cristo? Porque deve ser verdade que, como diz um velho escritor, quem tem Deus e tudo o resto não tem mais do que aquele que tem apenas Deus. Penso que a resposta jaz uma vez mais na natureza dos símbolos. Porque embora possamos não reparar à primeira vista, ainda assim é verdade que qualquer concepção de estar com Cristo que qualquer um de nós possa agora formar nã

The Weight of Glory - 5

(...)  Façam eles como quiserem, nós continuamos conscientes de um desejo que nenhuma felicidade natural satisfará. Mas há alguma razão para supor que a realidade oferece qualquer possibilidade de o satisfazer? "Nem estar com fome prova que temos o pão". Mas penso que pode ser salientado que isto é não perceber o que importa. A fome física de um homem não prova que ele vá ter algum pão; ele poderá morrer de fome numa jangada no Atlântico. Mas seguramente que a fome de um homem prova que ele provém de uma raça que repara o seu corpo quando come e habita um mundo onde existem substâncias comestíveis. Da mesma maneira, embora não acredite (quem me dera acreditar) que o meu desejo pelo Paraíso prove que eu vá desfrutar dele, penso que é uma indicação razoavelmente boa de que existe, e que alguns homens para lá irão. Um homem pode amar uma mulher e não conquistá-la; mas seria muito estranho se o fenómeno a que chamamos "apaixonar" ocorresse num mundo assexuado. Então

The Weight of Glory - 4

(...) Ao falar deste desejo pelo nosso país distante , que encontramos em nós até mesmo agora, sinto uma certa timidez. Estou praticamente a cometer uma indecência. Estou a tentar dilacerar o segredo inconsolável em cada um de vocês – o segredo que magoa tanto que se vingam dele a chamar-lhe nomes como Nostalgia, Romantismo ou Adolescência; também o segredo que nos atravessa com tanta doçura que, numa conversa mais íntima, a sua menção torna-se iminente, sentimo-nos encavacados e fingimos que nos rimos de nós próprios; o segredo que não conseguimos esconder e que não conseguimos contar, embora desejemos fazer ambos. Não conseguimos contá-lo porque é o desejo por algo que nunca realmente surgiu na nossa experiência. Não conseguimos escondê-lo porque a nossa experiência está constantemente a sugeri-lo, e traímo-nos como amantes ao ouvir a referência a um certo nome. O nosso expediente mais vulgar é chamar-lhe Beleza e comportar-mo-nos se isso resolvesse o assunto. O expediente de Word

The Weight of Glory - 3

(...) O cristão, em relação ao Céu, está praticamente na mesma posição que o miúdo da escola. Aqueles que alcançaram a vida eterna na visão de Deus sem dúvida que sabem muito bem que não não é nenhum suborno, mas sim a consumação da sua vida terrena de discipulado; mas nós que ainda não a alcançámos não o podemos saber da mesma maneira, e não podemos sequer começar a saber, a não ser por continuar a obedecer e encontrar a recompensa inicial da nossa obediência na nossa capacidade crescente de desejar a derradeira recompensa. Na mesma proporção que o nosso desejo aumenta, o nosso medo de que seja um desejar mercenário diminuirá, até que finalmente o reconheçamos como sendo absurdo. Mas provavelmente isto não acontecerá, para a maioria de nós, de um dia para o outro; a poesia substitui a gramática, o Evangelho substitui a Lei, e o desejo transforma a obediência, tão gradualmente quanto a maré eleva um navio encalhado.  Mas há mais uma importante semelhança entre nós e o miúdo da esco

Velhas histórias que tornam o herói vulgar e a história extraordinária

The view that fairy tales cannot really have happened, though crazy, is common. The man I speak of disbelieved in fairy tales in an even more amazing and perverted sense. He actually thought that fairy tales ought not to be told to children. That is (like a belief in slavery or annexation) one of those intellectual errors which lie very near to ordinary mortal sins. There are some refusals which, though they may be done what is called conscientiously, yet carry so much of their whole horror in the very act of them, that a man must in doing them not only harden but slightly corrupt his heart…  … Folk-lore means that the soul is sane, but that the universe is wild and full of marvels. Realism means that the world is dull and full of routine, but that the soul is sick and screaming. The problem of the fairy tale is—what will a healthy man do with a fantastic world? The problem of the modern novel is—what will a madman do with a dull world? In the fairy tales the cosmos goes mad; but the

The Weight of Glory - 2

(...) Não devemos ficar atrapalhados quando descrentes dizem que esta promessa de recompensa torna a vida cristã numa vida mercenária. Existem diferentes tipos de recompensa. Há a recompensa que não tem nenhuma ligação natural com as coisas que fazes para a ganhar, e é bastante distinta dos desejos que deviam acompanhar essas coisas que fizeste. Dinheiro não é a recompensa natural do amor; é por isso que chamamos a um homem "mercenário" se ele casar com uma mulher apenas tendo em vista o seu dinheiro. Mas o casamento é a recompensa própria para um verdadeiro amante ("lover", "amador", pessoa que ama), e ele não é mercenário por o desejar. Um general que combata bem para conseguir um título nobiliárquico é mercenário; um general que combata pela vitória não é, sendo a victória a recompensa apropriada para o combate, tal como o casamento é a recompensa adequada para o amor. As recompensas apropriadas não estão meramente anexadas à actividade pela qual são

The Weight of Glory - 1

Se perguntássemos a vinte bons homens dos dias de hoje qual é que eles pensavam ser a mais elevada das virtudes, dezanove responderiam "altruísmo/abnegação" (em inglês, "unselfinshness", que se poderia traduzir directamente por "desegoísmo"). Mas se perguntássemos à maioria dos grandes cristãos de antigamente, responderiam "amor". Repararam no que aconteceu? Um termo negativo foi substituído por um positivo, e isto é de uma importância maior do que meramente filológica. O ideal negativo do "altruísmo" ("desegoísmo") transporta consigo a sugestão não de conseguir primariamente coisas boas para os outros, mas de prescindirmos delas para nós próprios, como se o importante fosse a nossa abstinência, e não a felicidade dos outros. Não penso que isto seja a virtude cristã do "amor". O Novo Testamento tem muito a dizer sobre auto-negação, mas não auto-negação como um fim em si mesmo. É-nos dito para negarmos a nós mesmo

Vendo no falso o verdadeiro e exigindo dos outros a mesma mentira

Comecei então a falar em voz alta e sem medo, apesar dos risos do mundo, porque, fosse como fosse, aqueles risos eram bondosos e não maldosos. Todas as minhas conversas decorriam nos serões, principalmente na companhia das senhoras, que gostavam muito de me ouvir e obrigavam também os homens a ouvir-me. Toda a gente se ria na minha cara: «Mas como é possível eu ser culpado por todos? Eu posso ser culpado, por exemplo, por si?» Eu respondia-lhes: «Como podem os senhores compreender isso se todo o mundo, desde há muito, tomou por outro caminho, vendo no falso o verdadeiro e exigindo dos outros a mesma mentira? Como vêem, eu procedi uma vez na vida com sinceridade e logo me tornei para todos uma espécie de maluquinho religioso: embora simpatizem comigo, não deixam de se rir de mim». dados biográficos de Zóssima  Volume I página 363 Editorial Presença

Prontos a derramar o nosso sangue pela honra sem nada saber sobre a honra

Passei muito tempo em São Petersburgo, na escola de cadetes, quase oito anos, e aquela nova educação adormeceu em mim muitas das sensações infantis, embora não me esquecesse de nada. Ganhei hábitos e mesmo opiniões novos que me transformaram numa criatura quase selvagem, cruel e absurda. Adquiri o brilho da cortesia e das maneiras mundanas, juntamente com a língua francesa, mas todos nós, incluindo eu, considerávamos os soldados que nos serviam na escola como animais. Aliás, eu era a este respeito o pior de todos, porque era o mais susceptível de todos os meus colegas. Quando acabámos o curso e nos tornámos oficiais estávamos prontos a derramar o nosso sangue pela honra do nosso regimento, mas nenhum de nós sabia nada sobre a verdadeira honra, nenhum de nós sabia o que isso significava e, se soubesse, rir-se-ia da honra. Quase nos orgulhávamos das nossas bebedeiras, fanfarronices e comportamentos desordeiros. Não diria que não prestávamos: toda aquela juventude era gente boa, mas que s

Mentir a si próprio

O principal é o senhor não mentir a si próprio. Quem mente a si mesmo e ouve as suas próprias mentiras chega a um ponto tal que já não distingue qualquer verdade em si nem à sua volta, deixando por isso de respeitar a si mesmo e aos outros. Ora, sem respeito por todos, o senhor deixa de amar e, para se divertir e distrair, sem amor, entrega-se às paixões e às volúpias grosseiras, atinge um estádio animalesco nos seus vícios, e tudo isso provém de estar a mentir permanentemente a si próprio e aos outros. Quem mente a si mesmo também será o primeiro a ofender-se. É que, às vezes, é muito agradável ficar ofendido, não é verdade? A pessoa sabe bem que ninguém a ofendeu, que inventou a sua ofensa e que mentiu para enfeitá-la, que exagerou para criar todo o cenário, que se agarrou a uma palavrinha e fez de uma ervilha uma montanha... a própria pessoa sabe isso e, mesmo assim, apressa-se a ficar ofendida, a ficar ofendida até ao prazer, até sentir um grande deleite e, a partir daqui, chega at

Everybody's gotta learn sometime

Change your heart Look around you Change your heart It will astound you I need your lovin' Like the sunshine Everybody's gotta learn sometime Muda o teu coração Olha à tua volta Muda o teu coração Vai surpreender-te Eu preciso do teu amor Como do brilho do sol Toda a gente acaba por ter de aprender.