É que uma esposa perfeita contém tantas pessoas em si. O que não era H. para mim? Era minha filha e minha mãe minha pupila e minha mestra, minha súbdita e mina soberana. E sempre, reunindo todas essas numa, o meu fiel camarada, amigo, companheiro de bordo, irmão de armas. Minha amante, sim. Mas, ao mesmo tempo, tudo aquilo que qualquer amigo masculino (e tenho-os bons) alguma vez foi para mim. Talvez mais. Se nunca nos tivéssemos apaixonado nem por isso teríamos deixado de andar sempre juntos e dado origem a um escândalo. Era isso que eu pretendia significar quando, certa vez, a gabei pelas suas "virtudes masculinas". Mas ela logo pôs fim ao cumprimento, perguntando-me se me agradaria ser gabado pelas minhas virtudes femininas. Foi um bom contra-ataque, minha querida. (...) E a ti, tanto como a mim, agradava-te que existisse esse aspecto. E agradava-te que eu soubesse reconhecê-lo.
Salomão chama à ua noite "Irmã". Poderia uma mulher ser plenamente uma esposa se, por um momento, numa particular disposição, um homem não se sentisse inclinado a chamar-lhe Irmão?
Original: A Grief ObservedEditora Grifo
páginas 88-90
Comentários