A 5 de Abril de 1943, DB foi preso. Quase um ano ele passou na prisão de Tegel, ainda sobre condições relativamente favoráveis, podendo comunicar-se com os seus. Após o fracassado atentando de 20 de Julho de 1944, porém, sendo considerado envolvido, foi transferido para o cárcere das Gestapo. Em 1945 o levaram para o Campo de Concentração de Buchenwalde e as últimas horas passou em Floessenburg. Os aliados já vinham avançando sobre o território alemão. Poucos dias faltavam para que se abrissem todos os campos de concentração, quando, por especial decreto de Himmler, foram mortos todos aqueles que não deviam de maneira alguma sobreviver. Entre eles, Dietrich Bonhoeffer, que foi assassinado na madrugada do dia 9 de abril de 1945.
E por fim, sobre a escuridão dos telhados lustrosos, a luz fria da manhã tépida raia como um suplício do Apocalipse. É outra vez a noite imensa da claridade que aumenta. E outra vez o horror de sempre — o dia, a vida, a utilidade fictícia, a atividade sem remédio. E outra vez a minha personalidade física, visível, social, transmissível por palavras que não dizem nada, usável pelos gestos dos outros e pela consciência alheia. Sou eu outra vez, tal qual não sou. Com o princípio da luz de trevas que enche de dúvidas cinzentas as frinchas das portas das janelas — tão longe de herméticas, meu Deus! -, vou sentindo que não poderei guardar mais o meu refúgio de estar deitado, de não estar dormindo mas de o poder estar, de ir sonhando, sem saber que há verdade nem realidade, entre um calor fresco de roupas limpas e um desconhecimento, salvo de conforto, da existência do meu corpo. Vou sentindo fugir-me a inconsciência feliz com que estou gozando da minha consciência, o modorrar de animal com q...
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