Intérprete – Paixão é a imagem dos homens deste mundo, e Paciência a dos homens do século futuro. Paixão quer possuir e gozar tudo agora, neste mesmo ano, isto é, neste mundo, à semelhança dos homens que querem gozar aqui tudo quanto se lhes afigura melhor, e nada desejam para o mundo futuro, ou para a outra vida. O provérbio “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar” vale para eles muito mais do que todos os testemunhos divinos acerca da felicidade futura. E que lhes acontece? Assim como Paixão ficou apenas com uns andrajos depois de gasto o dinheiro, assim a eles sucederá.
Cristão – Compreendo perfeitamente que Paciência é muito mais sensato: primeiro, porque aspira a coisas mais excelentes, e, segundo, porque há-de gozá-las e ter nelas a sua glória, quando aos outros só restarem andrajos.
Intérprete – E, ao que disseste, deves acrescentar que a glória do século futuro será eterna, enquanto que os bens deste século se dissipam como fumo. Quem tem razão para rir de Paixão é Paciência; porque terá finalmente a sua felicidade, ao passo que Paixão a tem agora. O que agora vai à frente terá que ceder o lugar a quem vem atrás, enquanto que este a ninguém terá que ceder, porque ninguém se lhe segue. O que recebe o seu quinhão no presente gasta-o no tempo, até que nada lhe reste, e o que recebe no final conservá-lo-à para sempre, porque não haverá mais tempo em que gastá-lo.
Cristão – Compreendo perfeitamente que Paciência é muito mais sensato: primeiro, porque aspira a coisas mais excelentes, e, segundo, porque há-de gozá-las e ter nelas a sua glória, quando aos outros só restarem andrajos.
Intérprete – E, ao que disseste, deves acrescentar que a glória do século futuro será eterna, enquanto que os bens deste século se dissipam como fumo. Quem tem razão para rir de Paixão é Paciência; porque terá finalmente a sua felicidade, ao passo que Paixão a tem agora. O que agora vai à frente terá que ceder o lugar a quem vem atrás, enquanto que este a ninguém terá que ceder, porque ninguém se lhe segue. O que recebe o seu quinhão no presente gasta-o no tempo, até que nada lhe reste, e o que recebe no final conservá-lo-à para sempre, porque não haverá mais tempo em que gastá-lo.
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