A especificidade desta última organização reside no facto de os seus militantes apelarem ao direito de aplicar o «esforço interpretativo» à palavra revelada e à tradição para poderem legitimar acções de terror. No fundo, são um desvio anárquico da hermenêutica viva que se traduz, no pensamento e nas acções da GIA (Grupos Islâmicos Armados), na vontade de alargar os limites teologicamente consentidos no exercício da jihad: a legitimidade do uso da violência contra mulheres e crianças, que a tradição jamais identificou como inimigos. Afirma-se, deste modo, uma praxis interpretativa demasiado desenvolta, criada pelos líderes do grupo radical, que frequentemente, força a letra e o espírito dos textos sagrados. Os motivos aduzidos pelos líderes da GIA para justificarem as acções de terror contra os inermes (como por exemplo, os sete monges trapistas assassinados em circunstâncias até hoje obscuras) baseiam-se, na realidade, não tanto numa interpretação que adere ao texto sagrado, mas em nome do «direito da necessidade» (fiqh al darura): é necessário fazer aquilo que fazemos porque a tal somos obrigados, porque estamos a lutar contra o mal e, portanto, é lícito recorrer a meios extremos. Deste modo, retomam a ideia qutbiana do fiqh dinâmico, de uma hermenêutica que se alarga ao ponto de inventar normas que não se encontram nem no Alcorão nem na lei corânica.
"Examinai tudo. Retende o bem", I Tessalonicenses 5:21
Comentários
Assim, ouviríamos na abertura dos telejornais:
"Os infiéis islâmicos levaram a cabo mais um ataque à bomba numa embaixada dos Estados Unidos".
ou então,
"A conhecida infiel evangélica Sarah Palin anunciou a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos da América".
Seria uma pequena contribuição para melhorar a compreensão do público sobre estes temas.