O meu interlocutor, um homem de meia-idade, foi buscar um catálogo, a fim de me permitir escolher o modelo, mas a última coisa que me estava a apetecer era consultar catálogos, por isso tratei de lhe explicar que precisava de um carro para quando andasse às compras. Não planeava utilizá-lo na autoestrada, nem para levar a namorada a passear. Não precisava de uma viatura com um motor potente, nem com ar condicionado, rádio, tecto de abrir ou pneus topo de gama. Disse-lhe mais: queria um modelo pequeno, que gastasse pouco e não libertasse muito fumo pelo tubo de escape, que não fosse demasiado ruidoso e não me deixasse ficar no meio da estrada. No que dizia respeito à cor, caso tivessem algum azul-marinho, seria perfeito.
O vendedor propôs-me um carro utilitário, amarelo, de fabrico japonês. A cor não me entusiasmava por aí além; contudo, assim que o experimentei, percebi logo que estava na presença de uma viatura fiável e que andava bem. Além disso, gostei do design, inspirado em linhas simples, e do facto de não contemplar acessórios supérfluos. Ainda por cima, tratando-se de um modelo antigo, era barato.
- Um carro é basicamente isto – disse-me o vendedor. - Para falar com toda a franqueza, creio que as pessoas perderam o juízo.
Respondi-lhe que era também essa a minha opinião.
E foi assim que me tornei o proprietário de um carro para ir às compras.
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