A nossa imaginação, levada por natureza a soerguer-se, e repleta de poesia, cria seres cuja superioridade nos esmaga, e quando lançamos o olhar para o mundo real, qualquer outro nos parece mais perfeito do que nós mesmos. E isso é muito natural, sentimos tantas vezes que nos faltam tantas coisas, e o que nos falta por vezes outro parece possuí-lo. Concedemos-lhe então tudo aquilo que temos nós próprios, e ainda por cima de tudo isso certas qualidade ideais. É assim que imaginamos nós mesmos as perfeições que criam o nosso suplício. Pelo contrário, quando, com toda a nossa fraqueza, toda a nossa lástima, caminhamos com coragem para um fim, sentimo-nos às vezes mais adiantados bolinando do que os outros à força de velas e remos, e… Será, todavia, ter um verdadeiro sentimento de si próprio caminhar com os outros ou mesmo suplantá-los?
Deus é perfeitamente unificado como um Deus, e no entanto, Deus é perfeitamente diversificado nas três pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há unidade e diversidade na realidade absoluta. Não há um Deus que escolhe revelar-se em três maneiras de modo a criar uma aparência de diversidade, e não há três pessoas que escolhem unir-se e cooperar de modo a criar uma aparência de serem unificadas. A realidade original é 100% unificada e 100% diversificada. É uma realidade de 200% que não pode ser compreendida pela simples lógica. Aqui está um provérbio que inventei para capturar a essência desta realidade: Deus sozinho é Deus, e Deus não é sozinho (God alone is God, and God is not alone) . Não podes fazer esta afirmação sobre outro Deus ou perfeição original. Tu podes dizer Buda sozinho é Buda, e ficamos por aí. O resto é silêncio. Tu podes dizer Krishna sozinho é Krishna e Alá sozinho é Alá, mas novamente, o resto é silêncio. Se o Deus do terceiro círculo quer falar com alguém...
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