O que é o amor, em concreto? Não perguntes o que é sem este «em concreto», acabarás com arbitrariedades verbais, piedades, coisas vãs. O que é o amor em concreto, concreto como cimento, como betão, concreto como uma pedra, imagem tão diferente do complicado e impudico coração? O verbete «amor» fala em emoção, estética, ideologia, doença, e nada disso interessa agora mas apenas o amor em concreto, corpos, cortinas, cheiros, cães, o amor que com ou sem aspas mostramos aos outros para que acreditemos também, vejam a minha felicidade, a minha normalidade, a minha desistência. Com o teu amor concreto o mundo encontra uma base estável no meio dos vendavais. E agora suportas todas as decepções. O amor é um vício, uma gangrena, faz mais falta um amor concreto, hábitos, fotos, impostos, torneiras, é contra o amor que o amor concreto triunfa, onde estavas, amor, quando foste preciso, quando ela precisava, ao passo que eu estive sempre aqui ao seu lado? Que importam as tuas escaladas, os teus me
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Também não consegui encontrar. O máximo que se consegue na net é a primeira estrofe e o refrão:
"Ontem fui ao supermercado
Ontem fui ao superpovoado
Fiz compras aos preços actuais
Notei subidas nas tabelas…gerais
Propaganda
Propaganda
Propaganda…”
Ao falares em dilúvio em que estamos submersos lembro-me de uma ilustração do Manuel Rainho numa palestra sobre Consumismo. Tomarmos noção da situação é tão difícil como um peixe perceber que está molhado. Estes Street Kids devem ter apanhado a transição e aperceberam-se da mudança de uma forma mais sentida.
Ou seja, rir a partir dos anos 80 deve ser a melhor forma de rir da nossa sujeição actualà propaganda. Hoje, se nos quisermos rir, rimo-nos sozinhos, ou em pequenos grupos, mas dificilmente contagiamos o riso aos outros.
Sim, quem vir esta música rapidamente mete-lhe o selo de "ingénuos" e a situação fica lidada.