E, contudo, Jesus falou acerca de dinheiro com maior frequência do que sobre qualquer outro assunto, com excepção do Reino de Deus. Ele dedicou uma quantidade inusitada de tempo e energia à questão do dinheiro. Na comovente história acerca da 'oferta da viúva pobre', lemos que Jesus sentou-se intencionalmente defronte do tesouro e ficou contemplando as pessoas colocarem ali as suas ofertas (Marcos 12:41). Ele Se propôs a ver o que elas davam e discernir o espírito com que davam. Para Jesus, dar não era um assunto particular. Ele não desviou o olhar, encabulado – como tantas vezes fazemos hoje – por estar-se intrometendo nos negócios pessoais de alguém. Não, Jesus considerou a oferta um negócio público e usou a ocasião para ensinar acerca da dádiva sacrificial.
E por fim, sobre a escuridão dos telhados lustrosos, a luz fria da manhã tépida raia como um suplício do Apocalipse. É outra vez a noite imensa da claridade que aumenta. E outra vez o horror de sempre — o dia, a vida, a utilidade fictícia, a atividade sem remédio. E outra vez a minha personalidade física, visível, social, transmissível por palavras que não dizem nada, usável pelos gestos dos outros e pela consciência alheia. Sou eu outra vez, tal qual não sou. Com o princípio da luz de trevas que enche de dúvidas cinzentas as frinchas das portas das janelas — tão longe de herméticas, meu Deus! -, vou sentindo que não poderei guardar mais o meu refúgio de estar deitado, de não estar dormindo mas de o poder estar, de ir sonhando, sem saber que há verdade nem realidade, entre um calor fresco de roupas limpas e um desconhecimento, salvo de conforto, da existência do meu corpo. Vou sentindo fugir-me a inconsciência feliz com que estou gozando da minha consciência, o modorrar de animal com q...
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