Um caso eloquente na nossa época é do Nelson Mandela. Impelido por uma poderosa vaga, com a auréola do prestígio que lhe conferiam os seus longos anos de detenção, estava na posição do chefe da orquestra. Os olhos dos seus compatriotas estavam virados para ele, para as suas expressões, para os seus gestos. Se tivesse deixado falar a sua amargura, acertado contas com os seus carrascos, punido todos os que tinham apoiado ou tolerado o apartheid, ninguém poderia censurá-lo por isso. Se tivesse querido permanecer na presidência da República até ao seu último fôlego e governar como autocrata, ninguém poderia impedi-lo de o fazer. Mas ele teve o cuidado de dar, muito explicitamente, sinais muito diferentes. Não se contentou em perdoar aqueles que o tinham perseguido, quis mesmo visitar a viúva do antigo primeiro-ministro Verwoerd, um dos artífices da segregação, para lhe dizer que o passado era já o passado e que ela também tinha o seu lugar na nova África do Sul. A mensagem era clara: eu, Mandela, que sofri os tormentos que todos conhecem sob o regime racista, eu que fiz mais do que qualquer outro para pôr termo a esta abominação, quis ir como presidente que sou sentar-me sob o tecto do homem que me pôs na prisão para tomar chá com a sua viúva. Que ninguém de entre os meus se sinta autorizado, a partir de hoje, a exercer qualquer tipo de desforra militante ou manifestar um desejo de vingança!
Deus é perfeitamente unificado como um Deus, e no entanto, Deus é perfeitamente diversificado nas três pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há unidade e diversidade na realidade absoluta. Não há um Deus que escolhe revelar-se em três maneiras de modo a criar uma aparência de diversidade, e não há três pessoas que escolhem unir-se e cooperar de modo a criar uma aparência de serem unificadas. A realidade original é 100% unificada e 100% diversificada. É uma realidade de 200% que não pode ser compreendida pela simples lógica. Aqui está um provérbio que inventei para capturar a essência desta realidade: Deus sozinho é Deus, e Deus não é sozinho (God alone is God, and God is not alone) . Não podes fazer esta afirmação sobre outro Deus ou perfeição original. Tu podes dizer Buda sozinho é Buda, e ficamos por aí. O resto é silêncio. Tu podes dizer Krishna sozinho é Krishna e Alá sozinho é Alá, mas novamente, o resto é silêncio. Se o Deus do terceiro círculo quer falar com alguém...
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