Sou discípulo de Kant. Ele diz que há três questões fundamentais: o que posso saber, o que devo fazer, o que me é lícito esperar. E achou que a primeira depende da ciência. As más catequeses tiveram sempre a mania de misturar essa questão com a apologética. Kant achava que não, eu também.
Uma coisa é tentar compreender o universo. Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não big bang, se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.
A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser Homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões. A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus.
Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.
Uma coisa é tentar compreender o universo. Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não big bang, se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.
A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser Homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões. A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus.
Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.
Comentários
e que a ciência sabe quais devem ser os métodos para conhecer, e/ou os limites da investigação e aplicação?
Kant distinguiu, é certo, questões que estavam misturadas; mas ele também acreditava na unidade do seu pensamento, e de as três áreas estão ligadas.
A ciência assenta numa quantidade de pressupostos que nem sempre assume, nomeadamente:
- que podemos conhecer o mundo,
- que o conhecimento é bom e traz progresso,
- e (frequentemente) que o conhecimento é neutro, e que é a sua aplicação que precisa de ser vigiada pela ética.
Sobre isto eu diria:
- que o surgimento da ciência está tão baseado na observação e na experimentação como na consciência de que o mundo é criação, e que o papel do homem é conhecê-lo e dominá-lo (Francis Bacon falou sobre isto, e usou este vocabulário teológico),
- que a energia atómica e a indústria do armamento são duas boas razões para termos dúvidas quanto à neutralidade e/ou valor inerente do conhecimento científico.
A ciência é geneticamente teológica, gostem os cientistas desse facto ou não. A separação de águas pode ser positiva, mas precisamos de fazer uma análise mais séria dos pressupostos de afirmações como esta.
Julgo que o Pe. J.R. Rodrigues apenas quis alertar para o abuso da ciência enquanto moralizadora e justificadora do Homem e, no outro sentido, do uso da Bíblia enquanto compêndio cientifico. Porém, como tu alertas, a procura espiritual e a procura cientifica são duas características intrinsecamente humanas sendo, assim, indissociáveis.