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O Concílio denuncia muito correctamente como um dos erros mais graves da nossa época o «divórcio entre a fé que muitos professam e a sua vida secular». Afirma que o cristão que negligencia os seus deveres temporais, negligencia os seus deveres para com o seu próximo e mesmo para com Deus, e põe em perigo a sua salvação eterna. Os cristãos deviam antes regozijar-se porque podem seguir o exemplo de Cristo, que trabalhou como operário.

Segundo Concílio do Vaticano

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Uma realidade de 200%

Deus é perfeitamente unificado como um Deus, e no entanto, Deus é perfeitamente diversificado nas três pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há unidade e diversidade na realidade absoluta. Não há um Deus que escolhe revelar-se em três maneiras de modo a criar uma aparência de diversidade, e não há três pessoas que escolhem unir-se e cooperar de modo a criar uma aparência de serem unificadas. A realidade original é 100% unificada e 100% diversificada. É uma realidade de 200% que não pode ser compreendida pela simples lógica.  Aqui está um provérbio que inventei para capturar a essência desta realidade: Deus sozinho é Deus, e Deus não é sozinho (God alone is God, and God is not alone) . Não podes fazer esta afirmação sobre outro Deus ou perfeição original. Tu podes dizer Buda sozinho é Buda, e ficamos por aí. O resto é silêncio. Tu podes dizer Krishna sozinho é Krishna e Alá sozinho é Alá, mas novamente, o resto é silêncio. Se o Deus do terceiro círculo quer falar com alguém...

The Weight of Glory - 5

(...)  Façam eles como quiserem, nós continuamos conscientes de um desejo que nenhuma felicidade natural satisfará. Mas há alguma razão para supor que a realidade oferece qualquer possibilidade de o satisfazer? "Nem estar com fome prova que temos o pão". Mas penso que pode ser salientado que isto é não perceber o que importa. A fome física de um homem não prova que ele vá ter algum pão; ele poderá morrer de fome numa jangada no Atlântico. Mas seguramente que a fome de um homem prova que ele provém de uma raça que repara o seu corpo quando come e habita um mundo onde existem substâncias comestíveis. Da mesma maneira, embora não acredite (quem me dera acreditar) que o meu desejo pelo Paraíso prove que eu vá desfrutar dele, penso que é uma indicação razoavelmente boa de que existe, e que alguns homens para lá irão. Um homem pode amar uma mulher e não conquistá-la; mas seria muito estranho se o fenómeno a que chamamos "apaixonar" ocorresse num mundo assexuado. Então...

Faremos tudo para evitar a experiência de estar sós

It is this most basic human loneliness that threatens us and is so hard to face. Too often we will do everything possible to avoid the confrontation with the experience of being alone, and sometimes we are able to create the most ingenious devices to prevent ourselves from being reminded of this condition. Our culture has become most sophisticated in the avoidance of pain, not only our physical pain but our emotional and mental pain as well. We not only bury our dead as if they were still alive, but we also bury our pains as if they were not really there. We have become so used to this state of anesthesia, that we panic when there is nothing or nobody left to distract us. When we have no project to finish, no friend to visit, no book to read, no television to watch or no record to play, and when we are left all alone by ourselves we are brought so close to the revelation of our basic human aloneness and are so afraid of experiencing an all-pervasive sense of loneliness that we will do ...

A existência ao acordar num dia de chuva

E por fim, sobre a escuridão dos telhados lustrosos, a luz fria da manhã tépida raia como um suplício do Apocalipse. É outra vez a noite imensa da claridade que aumenta. E outra vez o horror de sempre — o dia, a vida, a utilidade fictícia, a atividade sem remédio. E outra vez a minha personalidade física, visível, social, transmissível por palavras que não dizem nada, usável pelos gestos dos outros e pela consciência alheia. Sou eu outra vez, tal qual não sou. Com o princípio da luz de trevas que enche de dúvidas cinzentas as frinchas das portas das janelas — tão longe de herméticas, meu Deus! -, vou sentindo que não poderei guardar mais o meu refúgio de estar deitado, de não estar dormindo mas de o poder estar, de ir sonhando, sem saber que há verdade nem realidade, entre um calor fresco de roupas limpas e um desconhecimento, salvo de conforto, da existência do meu corpo. Vou sentindo fugir-me a inconsciência feliz com que estou gozando da minha consciência, o modorrar de animal com q...

The 'gentle answer' discussion

It would help me (and might help others) if were to crystallise my position on the matter of Christian polemics. Partly, the debate has revealed that there is a consensus at a theoretical level, and that what we are discussing is a matter of discernment or wisdom. What's my big problem?  (...)  an apologetic issue - I really think we forget how aggressive rhetoric and polemics from the pulpit is a big turn off for a large numbers of people. Politicians now know this, and even Tony Abbott (an Australian politician) is trying to be more winsome.  a foothold for the devil - so many of the NT lists of sins include things like quarreling, dissension, strife and discord and what have you. As a hotheaded young man, hearing preachers regularly denounce other versions of Christianity fed the self-righteousness and pride of my heart. I think it has taken me some years to repent of this. I don't think I was a very unusual young man - and so it is pastorally unwise to encourage thi...

Um cientismo popular ainda não tinha sido criado

In our age I think it would be fair to say that the ease with which a scientific theory assumes the dignity and rigidity of fact varies inversely with the individual’s scientific education. In discussion with wholly uneducated audiences I have sometimes found matter which real scientists would regard as highly speculative more firmly believed than many things within our real knowledge; the popular imago of the Cave Man ranked as hard fact, and the life of Caeser or Napoleon as doubtful rumour. We must not, however, hastily assume that the situation was quite the same in the Middle Ages. The mass media which have in our time created a popular scientism, a caricature of the true sciences, did not exist. The ignorant were more aware of their ignorance then that now.  The Discarded Image  Página 17  C. S. Lewis  1964 dC  Editora: Cambridge University Press

O homem nuclear

O homem nuclear é aquele que compreende que os seus poderes criativos contêm o potencial da autodestruição. Ele apercebe-se de que, nesta era nuclear, vastos e novos complexos industriais permitem ao homem produzir numa hora o que outrora levava anos a produzir, mas compreende igualmente que estas mesma indústrias perturbaram o equilíbrio ecológico e, através da poluição atmosférica e sonora, contaminaram o seu próprio ambiente. O homem nuclear conduz automóveis, ouve telefonia e vê televisão, mas perdeu a capacidade de compreender o funcionamento dos instrumentos de que se serve. Vê à sua volta uma tal variedade e abundância de objectos úteis que a escassez já não lhe motiva a vida, mas ele anda simultâneamente às apalpadelas à procura de uma direcção e em busca de sentido e de objectivo. Durante este processo, ele sofre do conhecimento inevitável de que o seu tempo é o tempo em que se tornou possível ao Homem destruir não só a vida mas também a possibilidade de renascimento, não só...

A sombra da cruz sobre o seu futuro

Conhece o leitor o quadro de Holman Hunt, líder da Irmandade Rafaelita, intitulado “A Sombra da Morte”? ele representa o interior da carpintaria de Nazaré. Jesus, nu até à cintura, está em pé ao lado da serra. Seus olhos estão erguidos ao céu, e seu olhar é de dor ou de êxtase, ou de ambas as coisas. Seus braços também estão estendidos acima da cabeça. O sol da tarde, entrando pela porta aberta, lança, na parede atrás dele, uma sombra negra em forma de cruz. A prateleira de ferramentas tem a aparência de uma trave horizontal sobre a qual as suas mãos foram crucificadas. As próprias ferramentas lembram os fatídicos prego e martelo. Em primeiro plano, no lado esquerdo, uma mulher está ajoelhada entre as aspas de madeira. Suas mãos descansam no baú em que estão guardadas as ricas dádivas dos magos. Não podemos ver a face da mulher, pois ela encontra-se virada. Mas sabemos que é Maria. Ela parece sobressaltar-se com a sombra em forma de cruz que seu filho lança na parede. (…) Embora a i...

Do mal o menos, animou-se um pouco a conversa…

Infelizmente, o movimento instintivo derrubou um copo de vinho tinto por cima do aparelho de uma senhora de porte severo que se encontrava à minha direita e que, depois de soltar um grito agudo, lembrando o piar agoirento de algumas aves noturnas, começou a murmurar imprecações de teor algo insultuoso, enquanto procurava, desesperada, na carteira um lenço com que pudesse minorar os estragos provocados no pequeno engenho.  - Tem aqui o meu guardanapo - decidi mostrar-lhe a minha solicitude, a despeito dos lamentáveis impropérios que ciciava. - São coisas que acontecem quando menos se desejam… E de novo o Mendonça: - São coisas que não deviam acontecer, pois têm efeitos irreparáveis, sobretudo nesses modelos… Basta um pingo de suor, uma lágrima, um pouco de baba, para deixarem de funcionar! - Pois eu encomendei há dias um que pode levar-se para a banheira ou até para a piscina! - Elucidou o corcunda. - Ah, sim?! Mas que maravilha… e que prático! Era a voz da minha m...

Dois lados da hospitalidade

(…) a receptividade é apenas um lado da hospitalidade. O outro lado igualmente importante é o confronto. Ser receptivo ao estranho não significa de maneira nenhuma que devamos ser “ninguéns” neutros. A verdadeira receptividade exige confronto, pois o espaço só pode ser acolhedor quando existem claras, e fronteiras são limites entre os quais definimos a nossa posição. O confronto é o resultado da presença articulada, a presença dentro dos limites, do anfitrião para o hóspede, pela qual esse oferece como ponto de orientação e quadro de referência. Não estamos sendo hospitaleiros quando deixamos os estranhos em nossa casa para que a usem como quiserem. Uma casa vazia não é hospitaleira. De facto, logo se torna uma casa assombrada, fazendo o estranho sentir-se desconfortável. Em vez de perder os medos, o hóspede fica ansioso, suspeita de qualquer ruído vindo do sótão ou do porão. Para sermos realmente hospitaleiros, devemos não apenas receber os estranhos, mas também confrontá-los com uma...