Nada trazia maior alegria a Lewis do que ficar sentado em volta do fogo com um grupo de amigos chegados, engajados numa boa discussão, ou empreender longos passeios com eles através dos campos de Inglaterra. "Eu passo as horas mais felizes da minha vida", escreveu Lewis, "com três ou quatro velhos amigos, em traje amarrotados; caminhando com eles ou reunidos em pequenos bares – ou qualquer outro lugar - , sentados até altas horas em algum alojamento da faculdade para discutir bobagem, poesia, teologia, metafísica, regados a cerveja, chá e cachimbos. Não há som que eu aprecisasse mais do que o de... risos". Numa outra carta ao seu amigo Greeves, Lewis escreve: "a amizade é o maior dos bens terrenos. Certamente trata-se da principal forma de felicidade da minha vida. Se tivesse de dar algum conselho a um jovem sobre o lugar onde deve morar, eu acho que diria 'sacrifique quase tudo para viver onde seja possível estar perto dos seus amigos'. Eu sei que tenho muita sorte em relação a isso".
E por fim, sobre a escuridão dos telhados lustrosos, a luz fria da manhã tépida raia como um suplício do Apocalipse. É outra vez a noite imensa da claridade que aumenta. E outra vez o horror de sempre — o dia, a vida, a utilidade fictícia, a atividade sem remédio. E outra vez a minha personalidade física, visível, social, transmissível por palavras que não dizem nada, usável pelos gestos dos outros e pela consciência alheia. Sou eu outra vez, tal qual não sou. Com o princípio da luz de trevas que enche de dúvidas cinzentas as frinchas das portas das janelas — tão longe de herméticas, meu Deus! -, vou sentindo que não poderei guardar mais o meu refúgio de estar deitado, de não estar dormindo mas de o poder estar, de ir sonhando, sem saber que há verdade nem realidade, entre um calor fresco de roupas limpas e um desconhecimento, salvo de conforto, da existência do meu corpo. Vou sentindo fugir-me a inconsciência feliz com que estou gozando da minha consciência, o modorrar de animal com q...
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