Quando consideramos a vastidão do continente de África; quando reflectimos nos progressos em felicidade e civilização que todos os outros países têm feito durante estes últimos séculos; quando pensamos na maneira como neste mesmo período todo o progresso de África foi prejudicado pela relação deste continente com a Grã-Bretanha; quando reflectimos que somos nós que os temos degradado até àquela miserável brutalidade e barbarismo pelos quais agora justificamos a nossa culpa; como o negócio de escravos escravizou as suas mentes, enegreceu o seu carácter, e os afundou tão baixo na escala de seres animais, que alguns pensam mesmo que os macacos são de uma classe superior e imaginam que são ultrapassados pelos orangotangos. Que mortificação devemos sentir ao haver negligenciado tanto tempo o pensar na nossa culpa, ou tentar qualquer reparação.
E por fim, sobre a escuridão dos telhados lustrosos, a luz fria da manhã tépida raia como um suplício do Apocalipse. É outra vez a noite imensa da claridade que aumenta. E outra vez o horror de sempre — o dia, a vida, a utilidade fictícia, a atividade sem remédio. E outra vez a minha personalidade física, visível, social, transmissível por palavras que não dizem nada, usável pelos gestos dos outros e pela consciência alheia. Sou eu outra vez, tal qual não sou. Com o princípio da luz de trevas que enche de dúvidas cinzentas as frinchas das portas das janelas — tão longe de herméticas, meu Deus! -, vou sentindo que não poderei guardar mais o meu refúgio de estar deitado, de não estar dormindo mas de o poder estar, de ir sonhando, sem saber que há verdade nem realidade, entre um calor fresco de roupas limpas e um desconhecimento, salvo de conforto, da existência do meu corpo. Vou sentindo fugir-me a inconsciência feliz com que estou gozando da minha consciência, o modorrar de animal com q...
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