Numa época de forte ênfase na sensibilidade interpessoal, na qual somos incentivados a explorar nossa capacidade comunicativa e a experimentar várias formas de contacto físico, mental e emocional, muitas vezes somos tentados a acreditar que o sentimento de solidão e tristeza é apenas um sinal de falta de abertura. Às vezes, isso é verdade, e muitos trabalhos de sensibilidade contribuem bastante para alargar a extensão das interacções humanas. Mas a verdadeira abertura para o outro significa também um verdadeiro fechamento, pois apenas quem mantém um segredo pode em segurança partilhar o seu conhecimento. Quando não protegemos com grandes cuidados o nosso mistério interior, não somos capazes de formar uma comunidade. É esse mistério interior que nos atrai uns para os outros e nos permite criar amizades e relações amorosas duradouras. Uma relação íntima não exige apenas abertura mútua, mas também atracção respeitosa e mútua da singularidade de cada um.
Deus é perfeitamente unificado como um Deus, e no entanto, Deus é perfeitamente diversificado nas três pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Há unidade e diversidade na realidade absoluta. Não há um Deus que escolhe revelar-se em três maneiras de modo a criar uma aparência de diversidade, e não há três pessoas que escolhem unir-se e cooperar de modo a criar uma aparência de serem unificadas. A realidade original é 100% unificada e 100% diversificada. É uma realidade de 200% que não pode ser compreendida pela simples lógica. Aqui está um provérbio que inventei para capturar a essência desta realidade: Deus sozinho é Deus, e Deus não é sozinho (God alone is God, and God is not alone) . Não podes fazer esta afirmação sobre outro Deus ou perfeição original. Tu podes dizer Buda sozinho é Buda, e ficamos por aí. O resto é silêncio. Tu podes dizer Krishna sozinho é Krishna e Alá sozinho é Alá, mas novamente, o resto é silêncio. Se o Deus do terceiro círculo quer falar com alguém...
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