Para as pessoas habituadas a viver no domínio do subjectivo, as diferenças de doutrina não importam. O fim deles é formar a síntese. Só assim, para mim, se explica que Karl Barth pudesse, como fez no Concílio Ecuménico, em Amesterdão, dizer certas verdades fortes sobre ritos católico-romanos, sem cessar, no entanto, de falar da Igreja romana como sendo uma Igreja autêntica. (…) Uma vez que se penetra do mundo subjectivo, sem princípio objectivo de autoridade, e sobretudo com a tal concepção de síntese, não se pode considerar as diferenças de ordem teológica de outra forma senão como um “patamar” permitindo atingir uma verdade superior. Assim temos direito de afirmar que na realidade estes homens montaram a mais hábil das contrafacções do Cristianismo verdadeiro. Eles encontram-se, certamente, ainda mais afastados de nós que a Igreja católica-romana e mesmo que os modernistas.
Comentários
O que ele está a dizer que é mais importante o efeito prático da palavra do que a intenção com que foi escrita?
O que ele está a dizer é que muitas vezes limitamos a interpretação de um texto pelo significado anterior das palavras usadas, enquanto que é muito mais importante procurarmos perceber como é que um autor está a desafiar o sentido corrente desssa palavra.
Ou seja, mais do que saber que a palavra grega para igreja, ekklesia, vem do contexto político, importa perceber que no nos textos do Novo Testamento assume o sentido bastante diferente de comunidade da fé.
O desafio ao sentido habitual das palavras é muito mais importante do que a sua origem. Ou não fossem estes textos proféticos!